Em nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo. Ave Maria, cheia de graça, paguei o seguro do carro? Paguei, foi aquela
parcela de 700 reais. Não teve graça nenhuma isso, me passaram a perna. O
Senhor é convosco. Ninguém mais usa a segunda pessoa do plural, né? Vós? Parece
muito formal, acho que nem sei mais usar esse treco se precisasse. Preciso de
um shampoo novo, já cortei o meu no meio pra pegar o resto. Bendito sois vós
entre as mulheres. Será que minha namorada tá brava por que cheguei tarde de
novo? Preciso dar atenção a ela. Preciso cortar o cabelo. E lavar o carro, mas
estamos racionando água por causa da seca. Bendito é o fruto do Vosso ventre,
Jesus. Meu Jesus do céu, tem o trabalho da pós pra amanhã!! Levanto? Deixo pra
amanhã cedinho, tipo aquele horário que vou me enganar e não vou fazer e vou
torcer para alguém do grupo ter levantado no meio da oração pra fazer? Sim. Santa
Maria, mãe de Deus, rogai por nós pecadores. Preciso parar de dirigir e falar
no celular. Deus vai ficar bravo. Tô abusando geral com isso. Parece que as
multas não chegam. Enquanto isso, roga mesmo Deus. Quando chegar, a carteira
vai ser cassada na hora. Agora e na hora de nossa morte. Frase bonita, mas
muito clichê pra tatuar na costela. Sempre tem alguém que tem alguém que já fez
isso. Acho que o “agora” e “hora” rimam e “morte” é uma palavra forte. As
pessoas ficam iludidas e metem bronca na agulha com tinta! Amém. Sempre achei
que Amém era algo para alguém, do tipo, entregue esses doces A – Men. Men
parecia um sujeito com super poderes. Men poderia ser um grande guerreiro,
lutou contra tudo e todos. E todas as orações de hoje são dedicadas a Men. E
mesmo na Igreja, as pessoas cantam com muito eufuror: aaaaa Men! Aaaaa Men!
Aaaaa-aaaaa Men, Men, Men! Nem preciso dizer que tem muito poder. Bom, Deus,
obrigado pelo dia de hoje. Foi cansativo pra caramba, mal vi meus amigos e
família, mas estou vivo e criando sobre Men e levantando incertezas que só
chegam quando a cama já ficou quentinha e levantar não é mais uma opção. Resta
pegar o celular, abrir o Notes e deixar escrito no tópico “Temas para
crônicas”: Rezar antes de dormir. Foi um bom dia, e dormir é a recompensa dos
trabalhadores. E acordar no dia seguinte sem lembrar exatamente porque pensei
nisso, o que vou escrever sobre isso, e perceber que no final, esqueci de fazer
o sinal da cruz pra terminar a oração. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo. Longa vida A Men!
segunda-feira, 30 de junho de 2014
jogando fora
Muitas vezes me pego diante da página
branca, esperando uma ideia sensacional tomar corpo. Praticamente rezando
praquele ajudante do Word, aquele maldito clips que ficava pulando, escrever na
minha tela: “E se você escrevesse isso!?” – e de repente uma obra prima seria
iniciada.
Mas o que me impressiona não é só a página branca, mas a quantidade de vezes que esbranquiçamos a tela. Só para terem uma ideia, o primeiro parágrafo foi de volta para o branco algumas vezes antes de ficar esse aí, que não me agrada muito, mas pelo menos deixou o texto fluir.
Jogamos muitas coisas fora. Lixo, papel higiênico, amizades, gasolina. Simplesmente deixamos de ter algo para ter outro substituto. A ideia é que as palavras que jogamos fora sejam ruins, para dar espaço às melhores palavras, às que pertencem a elite do nosso vocabulário.
Mas nesse meio encontramos um fato diferente: nem sempre nossas ideias que jogamos fora eram ruins; ou pior, não temos nenhuma melhor para ficar em seu lugar. Jogar fora é preciso. Só que é bom não triturar o papel, apenas amassar, caso precise de algo do velho de novo.
O leitor pode pensar que sou um grande enrolador, e de fato sei fazer isso muito bem em muitas situações. Mas a grande verdade é que jogando fora ideias velhas, as novas chegam. Se elas são melhores ou piores, só a experiência vai dizer. E enquanto não sou roteirista e nem tenho experiência, decidi ficar e guardar as velhas ideias. Pode estar amassada ou recortada, pode mesmo estar faltando uma parte. Mas se a ideia apareceu, por pior que seja, veio de uma força interna. E essa força que não podemos ignorar. Afinal, ela teve o poder, mesmo que brevemente, em tirar o branco da imagem e colocar letras.
A ideia era ruim. Mas a vida andou. E isso que vale para os textos. Texto bom é texto fora do computador.
Mas o que me impressiona não é só a página branca, mas a quantidade de vezes que esbranquiçamos a tela. Só para terem uma ideia, o primeiro parágrafo foi de volta para o branco algumas vezes antes de ficar esse aí, que não me agrada muito, mas pelo menos deixou o texto fluir.
Jogamos muitas coisas fora. Lixo, papel higiênico, amizades, gasolina. Simplesmente deixamos de ter algo para ter outro substituto. A ideia é que as palavras que jogamos fora sejam ruins, para dar espaço às melhores palavras, às que pertencem a elite do nosso vocabulário.
Mas nesse meio encontramos um fato diferente: nem sempre nossas ideias que jogamos fora eram ruins; ou pior, não temos nenhuma melhor para ficar em seu lugar. Jogar fora é preciso. Só que é bom não triturar o papel, apenas amassar, caso precise de algo do velho de novo.
O leitor pode pensar que sou um grande enrolador, e de fato sei fazer isso muito bem em muitas situações. Mas a grande verdade é que jogando fora ideias velhas, as novas chegam. Se elas são melhores ou piores, só a experiência vai dizer. E enquanto não sou roteirista e nem tenho experiência, decidi ficar e guardar as velhas ideias. Pode estar amassada ou recortada, pode mesmo estar faltando uma parte. Mas se a ideia apareceu, por pior que seja, veio de uma força interna. E essa força que não podemos ignorar. Afinal, ela teve o poder, mesmo que brevemente, em tirar o branco da imagem e colocar letras.
A ideia era ruim. Mas a vida andou. E isso que vale para os textos. Texto bom é texto fora do computador.
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