Estava
naquele momento matinal vendo coisas inúteis da vida e me deparei com uma
matéria: haviam encontrado um fóssil de 520 milhões de anos (é tempo pra
cacete) e que seu cérebro havia sido preservado – no fóssil, claro. Foi encontrado
no antigo mar da China, mas como não me lembro dos números da aula de
Geografia, fiquei pensando que a China era a Pangeia e vice-e-versa, então era
tudo o mesmo mar. Podia ser um bichinho brasileiro também, poxa. Tudo tem que
ser chinês agora?
O
curioso é que você imagina que em mais de meio bilhão de anos, a gente seria
absolutamente evoluídos e conseguiria, com auxílio de algumas máquinas
esquisitas, assistir o que estaria dentro desse cérebro preservado antigo. Imaginei
vários cientistas dentro de uma sala ultra-moderna de cinema assistindo o mundo
antigo através dos olhos do Lyrarapax
unguispinus (cntrl C + cntrl V). Bichinho aquático, pequeno, menos de 10
cm. Nada pra cá, nada pra lá. Alguns cientistas comentam a rotina do animal. E aí
imaginei algo: o próprio bichinho se olhando em seu reflexo fazendo alguma palhaçada, pensando que 520 milhões de anos depois, alguém assistiria àquilo
e risse.
E
então ficou consciente e claro algo que fazia há muito tempo. Muitas vezes no carro, ou em qualquer outro lugar, eu pensava numa piada. Mas por infortúnios do
destino, estava sozinho. E para não perder o timing, eu contava pra mim mesmo,
olhando pra cima, pensando: cara, quando eu morrer, vou rever minha vida e pelo
menos terão boas piadas de mim para mim mesmo. Apontava para o céu e ria me
imaginando rindo daquilo.
E
mais importante ainda, quem sabe daqui 520 milhões de anos, alguém encontre meu
corpo e consiga assistir minha vida inteira através do meu cérebro fossilizado.
Todos num cinema mega-plus moderno, vendo tudo passar pelos meus olhos.
E de repente, tudo começou a ter sentido minha vida. O "hoje" passou a ser valorizado para que em 520
milhões de anos, alguém dê um sorriso. Espero fazer boas piadas e armazenar
direitinho para você, seu cientista-retardado-que-está-assistindo-minha-vida-pelo-meu-cérebro!
Ha!
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