segunda-feira, 17 de agosto de 2015

o cavalo fugiu da cocheira

           

Foi uma semana tão agitada que a crônica que sairia às 11 da manhã de hoje está sendo escrita apenas agora, às 14:55. Nem sei exatamente o porquê de estar escrevendo isso. Tantas pessoas escreveram já coisas lindas. Mas escrevo. E cada vez mais, escrever tem sido um ato de confissão pessoal, então sigo nesta “missão”.
            O vovô morreu na Terça-feira passada. Velhinho, deitou na cama, fechou os olhos e pronto. Tranquilo como sempre foi. Ele disse uns dias antes para algum primo que o “cavalo fugiu da cocheira”. E pra mim respondeu, quando afirmei que queria ser que nem ele: você vai me ultrapassar.
            Quanto mais o tempo tem passado nesta semana, mais eu percebo o quão grande ele foi. Foi o alazão da cocheira, o garanhão. Tanta gente dizendo tanta coisa. Muitas das quais eu nem fazia ideia. Foi gigante, mas não fez questão nenhuma de ser reconhecido pelo tamanho. Aliás, não fez questão nenhuma de ser reconhecido por nada. E, por causa disso, foi reconhecido. Por tudo.  
            Senti na pele e na alma o legado que carrego. Só de ter o mesmo sobrenome, de ter sido neto, de ter sido afilhado. Escrever não é um ato egoísta e pessoal. É – cada vez mais - uma responsabilidade diante da pessoa que sou e dos que foram algo para que eu pudesse ser também.
            O cavalo fugiu da cocheira. Pode ser uma das frases mais bonitas que já ouvi na vida. E o Vovô deixou claro: me ultrapasse. Pode deixar, Vô. Vou correr, muito, o máximo que puder, o máximo que aguentar, até o último segundo.
E se tudo der certo, fujo também e te encontro um dia desses. Mas só depois de ter chegado onde você chegou e poder dizer as mesmas coisas para meu neto.



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