Essa crônica está aqui para elencar os
itens que não acabam da nossa vida. Simples assim.
Queria
começar fazendo minha singela homenagem às canetas e lápis. Estes sim sabem
quão infinitos eles são. Não há um relato sequer na história da humanidade que
conste algo como “tive que parar esse texto para recarregar minha Mont Blanc”.
Canetas são infinitas, e diante disso, para o bem da revolução econômica do
mundo, a BIC criou seu exército de gnomos que tiram as canetas mais velhas,
mesmo que inacabadas, de circulação. Lápis passam pelo mesmo problema. Ninguém
nunca diz “Pera lá! Cortei meu dedo apontando um lápis que está acabando!”. Sem
saber, você já está com um lápis novo e não faz a menor ideia de onde foi parar
o antigo.
Meu
segundo item interminável e que merece sua especial atenção é o fio dental. Eu
juro, por tudo que é mais sagrado, que eu uso semanalmente o mesmo fio dental
que sempre usei desde que me lembro por gente. Tudo bem que não sou de usar fio
dental todos os dias, como recomendam os especialistas, mas a parada não acaba.
Tem algum poder especial naqueles fios que se multiplicam. Algo semelhante à
natureza genética do cabelo de Rapunzel.
Mas
o último ponto que gostaria de tocar aqui remete à era digital, para não ficar
soando um saudosista que não sou. Por mais que você tente, por mais esforço,
por mais coragem e dedicação de passar horas do seu dia em função desta tarefa,
é simplesmente impossível. Aplicativos de jogos no Facebook sempre serão
infinitos, meus amigos. Não adianta bloquear o Candy Crush, que vem a vaca do
Farm Ville e te manda uma notificação: “Ei, coloquei um ovo de ouro! Me ajude a
chocar!”. Não conseguimos bloquear as “Mentes Criminosas”, que o Candy Crush se
transforma em “Candy Crush Saga”.
Uma caneta, um
lápis, um fio dental, essas coisas não acabam e isso é bom. Agora, aplicativos
do Facebook, isso veio para ser o décimo círculo do inferno de Dante. Devo
merecer o castigo! Vós que estais na Internet, serás infinitamente convidado a
jogar “Dragon City” ou quaisquer merdas parecidas.
Quando
coisas intermináveis começam a surgir, e não em prol do universo, Deus
devia interferir, mandar um novo dilúvio e construir uma barca que só deixe
entrar aqueles que tenham boas ideias de coisas que não devam acabar nunca na
nossa vida: cerveja, dinheiro, sexo, risadas e claro, o bendito fio dental e as
canetas.