segunda-feira, 18 de agosto de 2014

constrangimentos

Nós seres humanos passamos constantemente por momentos de provação, por momentos que precisamos nos manter de pé e saber lidar com o constrangimento. São momentos que nos colocam contra a parede, nos desafiam como pessoas e que precisamos tomar uma decisão. Geralmente, tomamos a pior. A resposta de cada um nos define como homens.
            Às vezes estamos pasmando para um lugar, e quando percebemos, esse lugar é o par de peitos de alguém. A situação é sempre péssima, porque independe se o par de peitos é bem formado ou não: sempre vamos nos julgar culpados. Tanto faz se a pessoa é uma moça ou uma velha ou uma criança. E como lidar com isso? Desculpa? Que belos seios? Sai correndo? A resposta de cada um nos define como homens.
            Ou por exemplo quando está num ambiente fechado, com outras pessoas, e aquele odor peculiar sai debaixo da sua cueca e infesta o ambiente. Somos colocados em xeque. Como lidar com isso? Assume? Finge que nada aconteceu? Começa a se movimentar bastante para tentar pulverizar o cheiro? O que fazemos nos define como homens.
            Ou quando somos crianças, nos preparando para o primeiro beijo. Você está a uma semana treinando e escovando os dentes a cada duas horas, comendo Halls a cada uma. Você assiste o máximo possível de filmes para saber como vai ser a hora. Está tudo combinado faz mais de um mês. Mas quando chega o momento, o que fazer? Beijar? Abraçar? Selinho? Língua? Dançar um pouco antes? Mãos na cintura, nas costas, nas nádegas? O que fazemos nos define como homens.

            Mas nenhuma dessas situações se compara com o constrangimento de estar num dentista, e depois de ele falar com você e te perguntar coisas enquanto opera sua boca e você está completamente impossibilitado de responder, os olhos dos dois se encontram. Tem reações que nos definem. Mas tem momentos que não há reação. Conhecemos o teto do consultório como ninguém, e o constrangimento envolvido de cruzar olhares com seu dentista é tranquilamente o maior de todos já experimentado na vida. Não há saída, nem resposta, nem reações. E até hoje, é preferível falar “Que belos peitos”, ou “Fui eu, porra!”, ou “Vou te beijar, gata” do que trocar olhares com o dentista.

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