segunda-feira, 6 de abril de 2015

cenas picantes


            Quando a gente tinha uns 13, 14 anos, a gente não sabia de nada. Já tinha dado uns beijos por ai, mas mesmo assim, estávamos começando a entender nossa sexualidade. E como todos adolescentes do universo, não é um tema que queremos discutir com nossos pais. Muito menos ser expostos a cenas picantes ao lado deles.
            Mas por mais cuidadosos que nós sejamos, o universo do entretenimento sempre aparece pregando peças. Estava tudo bem, assistindo James Bond em casa. Que irado o carro dele! Olha essa explosão, caramba! Quanto tiro, e ele não morre! Mas seus pais entram para ver o filme com você bem na hora que 007 está deitado na cama com a Bond Girl. 
            Ninguém fala nada na sala. Se alguém falar, vão achar que estão mudando de assunto. Se ninguém falar, vão achar que estão pensando nisso na frente dos pais.
            Ninguém se move na sala. Se mover é dar trela que está sendo afetado pela situação. Não se mover é tentar ao máximo mostrar-se indiferente.  O que é ruim também.
            Poderia pegar o celular, mas isso não existia na época. E pegar o celular é ser afetado pela situação. Não pegar é estar prestando atenção ao que não se deve.
            Um pensamento em comum: acabar logo com a situação. Corre Bond, resolve o que tem pra resolver. Bond Girl, seja do mal, mude a expectativa e tente matar alguém, não fazer amor!
Lembro de pensar que isso seria resolvido quando ficasse mais velho, comentaríamos uma coisa ou outra. Mas ainda assim, quando aparece um corpo nu na tela, todo o processo se repete e ficamos desejando que um meteoro caia no jardim e acabe logo com essa situação.


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