Define-se pelo fato de abster-se de algo,
privar-se de algo. Além de outras coisas, me privei por duas semanas de
escrever aqui. Foi estranho, foi esquisito. Passei pelos sei-lá-quantos-passos
até chegar na “aceitação”. Fui além e voltei atrás. É preciso escrever. É
preciso quebrar o jejum de duas semanas.
Foi
necessário um trabalho contínuo para me afastar das crônicas semanais. Um
trabalho, infelizmente, nada árduo. Bem fácil e simples: não escrever. A justificativa
que me dei era a falta de assunto. Procurava pelo meu quarto e já havia escrito
sobre livros, sobre filmes, sobre o pé de pimenta e sobre qualquer outra coisa
que pairava neste ambiente. Definitivamente, me abstive.
E
não gostei. Parece que eu antigamente sabia mais do que eu hoje e, com tal
sabedoria, me obriguei a escrever semanalmente. Quer queira, quer não. Há duas
semanas resolvi contestar a sábia decisão que havia tomado há mais de 1 ano e
meio. Enfrentei, briguei, negligenciei. E passei duas semanas sentindo que
havia um vazio-sei-lá-da-onde em mim.
Tive
que voltar. Preparar tudo novamente e acatar com o recado que meu eu de
antigamente deixou na agenda “Escrever crônica”. Nós somos capazes de coisas
inimagináveis, como de se comunicar com o seu “eu futuro”, sabendo que em algum
momento ele precisará de um suporte emocional para continuar.
Tendo
em visto que tal abstinência me colocou em contato com o meu passado, penso
agora nas sábias decisões que poderia obrigar meu “futuro eu”. Mesmo que em
algum momento, a contragosto, o “futuro eu” decida parar e refletir sobre isso.
Pediria para tomar mais água com limão, quem sabe. Parece fazer um bem danado.
Mas nem o “eu presente” tem conseguido tal façanha.
A
verdade é que se abster de algo te propõe necessariamente a reflexão sobre uma premissa
que você se dava por certa. E, geralmente, estava mesmo. Se você tomou uma
decisão, provavelmente havia motivos suficientes para acatá-la. É para escrever
toda semana? Desculpe a ausência, a abstinência e a malemolência. Escreverei.
Obrigado “eu de antigamente” por me conhecer melhor do que meu “eu de hoje”.
Eu costumo encontrar umas ordens do passado dizendo "corra três vezes por semana", "visite os antigos colegas de escola", "faça um trabalho voluntário". Não sei quando foi que me tornei tão rebelde e passei a me desrespeitar.
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