quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

pé de pimenta

            Nunca achei que seria dono de um pé de pimenta. Será “dono” a palavra certa? Regador oficial? Cuidador? Enfermeiro? Mas ela não está doente. É ela? Ele? Quem é meu pé de pimenta?
            Ganhei uma muda que de fato pouco fala. Ela fica a um metro do meu computador, no chão, encostada na porta da varanda. Achei sensato colocá-la ao lado da grade, para a pobrezinha se apoiar e querer crescer.
            Não sabia como regar. Procurei no Google e avisaram que o importante era não deixar seco o solo. Sempre molho. Geralmente com minha garrafa de água do dia anterior, antes de enchê-la novamente.
            As pimentas já estão a vista. Laranjas, vermelhas e amarelas. Sinto vontade de morder uma delas, mas minha inexperiência no cultivo da mesma me alerta: e se nunca mais voltar a crescer? Sou novato nesse departamento de pés de pimenta.
            Mas fico feliz. Diferente de outros “matos”, esse pé apresenta um tronco em ascensão: existe futuro para meu pé de pimenta. Parece firme, parece concreto. Existem já pimentas, mas se for bem cultivado, acredito que pimentará para sempre.
            Não sei se pés de pimenta crescem, viram árvores e começam a falar com seus donos. Devem se comunicar com o gosto, com as cores, com o cuidado que você despende a eles. Ou elas?

            As folhas estão verdes e resistentes. Há futuro. Há esperança. Há força de ser mais do que um pé e virar um corpo inteiro, sólido, firme, elegante. A cada dia, nada parece mudar. Mas a longo prazo, me parece que tem ficado cada vez mais apimentada.
            Que essa nossa vida de pé de pimenta se fortaleça sempre. Regue, cuide, estude.  Ser pé de pimenta não é para qualquer um. Ou qualquer uma. Seja pé, mão, braço e tronco. Vermelho, laranja, azul ou rosa. Camaleão apimentado. De corpo e alma.

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