O metrô de São Paulo, como muitos conhecem,
ou nem tanto, é um lugar de encontros de pessoas que não querem se encontrar e
que se pudessem estar sozinhas no vagão, estariam. Mas por algum desfortuno do
destino, isso obviamente nunca aconteceu e nunca acontecerá. Sempre terá alguém
do seu lado, alguém que encosta a cabeça no seu ombro pra dormir e você finge
que não vê, alguém que entra esbarrando, ou aquele que nunca andou de metrô e
quando vê a estação chegar, sai correndo atropelando todo mundo no caminho.
Tem
todo tipo de gente, mas todos com uma coisa em comum: querer passar
despercebidos. Quanto menos olhares atrair, melhor. Quanto menos pedir
“desculpa” por ter encostado em outro, melhor. Se pudéssemos, faríamos essa
viagem virtualmente, para não ter contato com ninguém, jamais. É a sensação que
temos ao andar no metrô de São Paulo (e na cidade, de forma geral).
Mas
algumas pessoas, sem saber, mudam o destino de quem estava naquela linha do
metrô, naquele vagão, naquele horário e numa posição que daria pra ver. O japa
devia ter uns 12 anos, com aqueles moletons de escola, com a camisa larga e a
mesma mala da Jansport que devia ter uns belos 10 anos. Ganhou na creche. A
diferença: ele tinha um cubo mágico nas mãos e mexia naquilo com a mesma
velocidade que alguém idiota faz alguma dança imbecil rápida numa balada.
Seus
dedos iam e viam, girando o vermelho, com o branco, misturando o laranja,
passando pelo azul para enfim chegar no amarelo, como se nada tivesse
acontecido. A maneira que ele fazia aquilo era impressionante e atraiu o olhar
de todos os passageiros daquele vagão, inclusive o meu. Quando consegui
respirar depois de tanta tensão, olhei para o lado e vi todo mundo apreciando a
habilidade do japa. Fiquei feliz. Quando ele terminou, alguns casos isolados
aplaudiram, escutei até um “U-hu!”. Fiquei mais feliz.
Acho
que todo mundo tem alguma habilidade especial. E quando em público, chama a
atenção. Queria conhecer todos os dias no metrô alguém como esse japinha. E
comemoraria feliz depois que alguém quebrasse o silêncio dessa multidão
esquisita que se esconde no meio de todo mundo.
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