Começa a crônica sem nem saber escrever
“Conjuntivite”. Tem um segundo “n” aí no meio que engana a todos que falam como
seres normais. CONJU-TIVITE. Quem diria que tem um “n”? Um salve ao tradutor do
Word.
Mas
aqui escrevo para discutir um problema mundial. Imagino todas as pessoas do
mundo sofrendo da mesma situação, e isso exemplifica o porquê lidamos muito mal
com algumas doenças alheias.
Conjuntivite
pega. Não é estilo as pessoas que chegam de óculos escuros no trabalho, é
proteção. Mas a gente, os não-conjuntivados, sofremos. Quando entra alguém de
óculos escuros, são sempre as mesmas quatro opções: você não é estiloso, mas
tenta; você está de ressaca e te respeito; você é algum agente secreto, mas
isso é muito raro; ou você tem conjuntivite.
E
como as três primeiras opções geralmente são fracas o suficiente para estar
numa crônica, quando chega alguém de óculos, começamos o procedimento padrão da
quarta opção: quarentena no escritório.
Primeiro
passo: corra para o banheiro e aproveite ao máximo. Depois que for contaminado,
estaremos perdidos para sempre e privados do uso da privada.
Logo
em seguida, imprima tudo que precisa e não precisa. Mesmo ecologicamente
incorreto, estamos contribuindo com o ministério da saúde e mantendo a mesma
intacta. Conjuntivados sempre usam a mesma impressora que você.
Garanta
que não precisem usar o mesmo grampeador, régua, mouse. Esse passo é mais simples, mas sabemos como
as coisas funcionam: quando conjuntivados invadem a casa, sempre precisamos de
uma caneta emprestada. Resista a tentação.
Depois
de chegar nesse momento que um conjuntivado é praticamente um walker de Walking Dead, se proteja
pessoalmente: ligue o ventilador na direção contrária, abra a janela, segure a
respiração quando passar por perto. E não olhe diretamente nos olhos.
Conjuntivite vem do Grego e significa “olhares de Medusa”. Confie nos sábios.
Uma
vez que todo o procedimento padrão de quarentena se conclui, podemos voltar a
trabalhar. Infelizmente, porém, tomamos tanto tempo nesse processo que o RH já
mandou a pessoa para casa. Por 5 dias. Sem acesso aos e-mails. Sem telefonemas.
5 dias. Em casa. Sem trabalhar. Comendo Chocotone. Juro.
O
processo se inverte. Desligue o ventilador, sente no cubículo do conjuntivado,
use todos os objetos, sente na privada, respire fundo várias vezes, lamba a
impressora, mentalize o walker, olhe
no olho das várias fotos, e dane-se todo mundo. 5 dias de férias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário