Dentro do meu acervo pessoal de pequenas
habilidades, está o fato que sei tocar um pouco de música. Definitivamente, não
está junto das grandes habilidades (por hora, esta me parece uma pasta vazia...). Pequenas habilidades significam que você tem
uma certa intimidade com a coisa, mas não necessariamente sabe o que ela gosta
de comer de café-da-manhã. O “tocar música” está no patamar “sei que gosta de
cinema, mas não sei que tipo de filme”.
E
por isso comecei a me definir, de certo modo, como músico secundário de luau.
Por definição, luau é quando rola a dança Hula, do Havaí. Claramente, não é por
causa disso. Quando rola um desses, de noite, na praia, toda a galera, sempre
tem aquele expert no violão que chama toda a atenção e uns três ou quatro gatos
pingados que sabem duas músicas. Eu sou desses.
Quando
eu era pequeno, meus pais me colocaram para fazer aula de piano. A parte mais
legal da aula era quando a professora sentava no teclado aqui de casa e tocava
a música pra eu aprender. A parte boa não era a música, mas o fato que eu me
desafiava a sair correndo do meu quarto e ir até o quarto do meu pai, bater na
parede e voltar, antes que ela terminasse a música ou desse conta da minha
ausência. Modéstia parte, nunca perdi este jogo. Era a diversão da aula.
Fiquei
adolescente, e depois de muito Blink e Green Day, fui tocar baixo. Mas acho que
o problema, dessa vez, foi que o professor tocava tão bem, mas tão bem, que só
ele tocava. Eram shows particulares uma vez por semana.
O
baixo cansou e resolvi aprender violão. Meu irmão ensinou uns três acordes,
abri a internet e comecei a tocar. O violão durou mais tempo, pareceu mais
fácil, mais abrangente, menos complicado. E dava para levar para eventos.
Até
aparecer o ukulele (famoso cavaquinho havaiano). Esse conquistou meu coração.
Comprei online, nem sabia afinar. Santo Google me ensinou muitas coisas sobre o
instrumento e pronto, aprendi a tocar algumas músicas nele. Era a sensação,
porque todo mundo tem violão. Mas um Ukulele? Ah, isso era raro. Por um tempo
muito curto, desfrutei do cargo de músico primeiro do luau. Mas antes que me
desse conta, todos já tinham também seus ukuleles.
Entre
todos esses, também resolvi aprender duas músicas na velha sanfona do meu avô,
que iam jogar no lixo. Também comprei uma gaita e aprendi a tocar “Oh Suzana!”.
Comprei a flauta peruana e tocava “Hey Jude”.
Um estagiário de
diversas áreas. Uma sinopse de vários textos. Não acho que nenhuma dessas
pequenas habilidades um dia se tornará uma grande habilidade. Mas, com o tempo,
depois de passar pela crise de “só sei um pouco de tudo, e não tudo de uma
coisa”, comecei a perceber que estava tudo bem. Estava tranquilo.
É impossível
você saber de tudo. Será sempre muito melhor deixar o expert tocar no luau
todas as músicas, enquanto você, secundário, se contenta em namorar, beber, se
divertir e, melhor, com trilha sonora de fundo.
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