segunda-feira, 20 de julho de 2015

músico secundário de luau


Dentro do meu acervo pessoal de pequenas habilidades, está o fato que sei tocar um pouco de música. Definitivamente, não está junto das grandes habilidades (por hora, esta me parece uma pasta vazia...).  Pequenas habilidades significam que você tem uma certa intimidade com a coisa, mas não necessariamente sabe o que ela gosta de comer de café-da-manhã. O “tocar música” está no patamar “sei que gosta de cinema, mas não sei que tipo de filme”.
            E por isso comecei a me definir, de certo modo, como músico secundário de luau. Por definição, luau é quando rola a dança Hula, do Havaí. Claramente, não é por causa disso. Quando rola um desses, de noite, na praia, toda a galera, sempre tem aquele expert no violão que chama toda a atenção e uns três ou quatro gatos pingados que sabem duas músicas. Eu sou desses.
            Quando eu era pequeno, meus pais me colocaram para fazer aula de piano. A parte mais legal da aula era quando a professora sentava no teclado aqui de casa e tocava a música pra eu aprender. A parte boa não era a música, mas o fato que eu me desafiava a sair correndo do meu quarto e ir até o quarto do meu pai, bater na parede e voltar, antes que ela terminasse a música ou desse conta da minha ausência. Modéstia parte, nunca perdi este jogo. Era a diversão da aula.
            Fiquei adolescente, e depois de muito Blink e Green Day, fui tocar baixo. Mas acho que o problema, dessa vez, foi que o professor tocava tão bem, mas tão bem, que só ele tocava. Eram shows particulares uma vez por semana.
            O baixo cansou e resolvi aprender violão. Meu irmão ensinou uns três acordes, abri a internet e comecei a tocar. O violão durou mais tempo, pareceu mais fácil, mais abrangente, menos complicado. E dava para levar para eventos.
            Até aparecer o ukulele (famoso cavaquinho havaiano). Esse conquistou meu coração. Comprei online, nem sabia afinar. Santo Google me ensinou muitas coisas sobre o instrumento e pronto, aprendi a tocar algumas músicas nele. Era a sensação, porque todo mundo tem violão. Mas um Ukulele? Ah, isso era raro. Por um tempo muito curto, desfrutei do cargo de músico primeiro do luau. Mas antes que me desse conta, todos já tinham também seus ukuleles.
            Entre todos esses, também resolvi aprender duas músicas na velha sanfona do meu avô, que iam jogar no lixo. Também comprei uma gaita e aprendi a tocar “Oh Suzana!”. Comprei a flauta peruana e tocava “Hey Jude”.
Um estagiário de diversas áreas. Uma sinopse de vários textos. Não acho que nenhuma dessas pequenas habilidades um dia se tornará uma grande habilidade. Mas, com o tempo, depois de passar pela crise de “só sei um pouco de tudo, e não tudo de uma coisa”, comecei a perceber que estava tudo bem. Estava tranquilo.

É impossível você saber de tudo. Será sempre muito melhor deixar o expert tocar no luau todas as músicas, enquanto você, secundário, se contenta em namorar, beber, se divertir e, melhor, com trilha sonora de fundo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário