Nunca
achei que seria dono de um pé de pimenta. Será “dono” a palavra certa? Regador
oficial? Cuidador? Enfermeiro? Mas ela não está doente. É ela? Ele? Quem é meu
pé de pimenta?
Ganhei
uma muda que de fato pouco fala. Ela fica a um metro do meu computador, no
chão, encostada na porta da varanda. Achei sensato colocá-la ao lado da grade,
para a pobrezinha se apoiar e querer crescer.
Não
sabia como regar. Procurei no Google e avisaram que o importante era não deixar
seco o solo. Sempre molho. Geralmente com minha garrafa de água do dia
anterior, antes de enchê-la novamente.
As
pimentas já estão a vista. Laranjas, vermelhas e amarelas. Sinto vontade de
morder uma delas, mas minha inexperiência no cultivo da mesma me alerta: e se
nunca mais voltar a crescer? Sou novato nesse departamento de pés de pimenta.
Mas
fico feliz. Diferente de outros “matos”, esse pé apresenta um tronco em ascensão:
existe futuro para meu pé de pimenta. Parece firme, parece concreto. Existem já
pimentas, mas se for bem cultivado, acredito que pimentará para sempre.
Não
sei se pés de pimenta crescem, viram árvores e começam a falar com seus donos.
Devem se comunicar com o gosto, com as cores, com o cuidado que você despende a
eles. Ou elas?
As
folhas estão verdes e resistentes. Há futuro. Há esperança. Há força de ser
mais do que um pé e virar um corpo inteiro, sólido, firme, elegante. A cada
dia, nada parece mudar. Mas a longo prazo, me parece que tem ficado cada vez
mais apimentada.
Que essa nossa vida de pé de pimenta se fortaleça sempre. Regue, cuide, estude. Ser pé de pimenta não é para qualquer um. Ou qualquer uma. Seja pé, mão, braço e tronco. Vermelho, laranja, azul ou rosa. Camaleão apimentado. De corpo e alma.
Que essa nossa vida de pé de pimenta se fortaleça sempre. Regue, cuide, estude. Ser pé de pimenta não é para qualquer um. Ou qualquer uma. Seja pé, mão, braço e tronco. Vermelho, laranja, azul ou rosa. Camaleão apimentado. De corpo e alma.