segunda-feira, 2 de março de 2015

DR moderna


            Não é uma abreviação de “doutor”, e sim de “Discutir a Relação”. O título da crônica poderia ser como “DaR moderna”, mas vale mais discutir o fato dessa modernidade nas discussões amorosas do que suas abreviações incongruentes.
            Senti saudade da época em que a gente via casais se matando na rua, xingando um ao outro no shopping, dando tapas na cabeça porque ele tinha traído ela. A famosa e conhecida “DR”, ou “DaR’, se preferir. Faz falta ver um pouco dessa empolgação maluca dos casais antigos.
            Digo isso pois entrei no ônibus essa manhã e no aperto diário do nosso dia, não tinha como não ler as mensagens que essa garota enviava ao seu parceiro amoroso. Ela estava brava, muito brava (julgo isso pela quantidade de emoticons que ela usava somada à quantidade de exclamações). O tema da discussão, depois de muitas carinhas tristes, decepções e três pontinhos, era o fato de ele ter aceitado um amiga do colégio no Facebook.
            Ela pediu para ele parar de serem amigos. Ou melhor, corrigia ela, deixar um post na timeline dela dizendo que amava só a namorada dele e que as vagabundas “pode tudo vazar”. Ele não gostou da ideia e sugeriu apenas desfazer a amizade. Ela não se deu por vencida, lembrando que ele não havia compartilhado a nova foto do perfil dela. Ele se justificou: fez isso nas últimas 5 fotos de perfil dela, todas trocadas nessa semana! Ela ficou mais brava ainda, usando outros emoticons mais raivosos. Que falta de respeito.
            Sinto um pouco de falta da época em que trair alguém era de fato sair com a pessoa, beijá-la, e depois o sujeito ou a sujeita eram descobertos pelos parceiros e rolava aquela treta imensa e intensa. Era assunto no colégio quando descobriam um novo corno na turma. Era pauta de redação se está permitida a mulher bater no homem depois de ser traída. Era muito mais animado acompanhar de perto toda a DR alheia.
            Hoje em dia, parece que ficou tudo pior, mais escondido, menos emocionante. Do like vem o compartilhar, depois o inbox, um snapshat e o pior, cai no whatsapp. Já está no mais alto nível de traição. Falta mesmo é marcar um encontro no Skype e a traição está consumida. DaR moderna é outra coisa.

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