Difícil vê-lo passar. Mas tão simples. Tão
palpável. Só que voa. E quando voa, voa rápido, voa longe, voa de asas abertas
sem barreira para impedir. Quando viu, voou. O ponteiro avança destemido, sem
nunca se atrasar e te dar alguns segundos de presente. Ele é sério, honesto,
claro. E rápido.
O
tempo se concretiza em alguns momentos. O tempo é o nascimento da minha
sobrinha, a nova geração da família, colocando-nos como uma geração mais velha.
O tempo é minha noiva comprando o vestido branco para o nosso casamento. O
tempo é pagar o contador da minha própria empresa.
O
tempo é nossa arma de maturidade. Nossa força de experiência. Mas o tempo
continua sendo um enigma, por que ele só quer existir para poder ser
contestado. O tempo só é tempo para poder dizer, em algum momento, que “o tempo
parou”.
Essa
expressão é um clichê medonho, batido, conhecido por gênios e ignorantes. E, por
tal razão, tenho certeza que é verdadeira. O tempo só existe para parar.
Não
é o dia em que minha sobrinha nasceu que determinou a existência do tempo, mas
o primeiro momento em que meu irmão mostrou-a para família. Aí sim, o tempo
parou.
Não
é a compra de um vestido de noiva que mostrou que eu havia “crescido” e estava
casando. Foram as lágrimas de uma decisão de passar a vida inteira juntos que
quebraram o relógio e seguraram o tempo por tempo indeterminado.
Não
foi o contador que pago todo mês que evidenciou que virei adulto. Foi seguir um
sonho com minha noiva e sentir o coração bater mais forte a cada segundo que passa.
Ou melhor, não passa. Por que o tempo parou. E ficou parado.
Lembrem-se:
o tempo só existe para ser parado. E naturalmente, voltará a andar – não se
preocupe. Mas faça valer cada segundo que o relógio não anda, pois só assim
conseguirá viver muito mais tempo que qualquer ser imortal na terra.
O tempo voa. Mas,
quando aterrissa, ah, ele para.