A primeira vez que eu ouvi falar dessa
coisa ai, eu já era um ser grande, alto, homem. Nem sequer me ligava que alguém
poderia ser capaz de tal atrocidade. Foi uma amiga, judia. Falou com a maior
naturalidade do mundo e eu indaguei. Que parada é essa ai? Ela riu, zuou da
minha ignorância, e explicou. Fiquei assustado. Mesmo. Quem seria capaz de
fazer algo desses com uma criança?! Com algumas gotas de vinho! Eu bebia uns
três copos e ficaria maluco se me dessem um tapa na cara, imagina cortarem a
tampa do meu p....? (E quando ela explicou, foi isso mesmo que entendi: cortar
a cabeça fora – na época, ainda em aflição com o assunto “tamanho é documento”,
decidi que jamais faria isso – e nunca fiz – e que eu sempre teria mais chances
que os judeus, já que por alguma barbárie, tiravam uns 2, 3 centímetros de
pênis).
O
tempo passou e resolvi guardar esse assunto na pasta “Lixo” do meu cérebro. Foi
uma sábia decisão excluir esse tópico masoquista. Mas aí o maldito tema voltou:
outra amiga judia (elas pareciam insistir. Algum tipo de conversão religiosa
forçada?). Ela me falou que hoje em dia é tudo diferente: tem cirurgia, clean,
rápido, rabino vai lá, dá adeus para a pele,
não para a cabeça (o que me aliviou, mas colocou novamente os judeus no mesmo
patamar de “tamanho é documento” – a competição aumentou). Confesso que fiquei
mais aliviado e até cogitei, quem sabe um dia, cuidar melhor do meu parceiro e
tirar o “gorro-de-malandro-que-encapuza-a-cabeça”. Claro que essa conversa teve efeitos
biológicos em mim e no mundo: os banhos agora demoravam mais, já que entre
todas as etapas – sabonete, shampoo, condicionar e uma eventual barba a fazer –
eu colocava o gorro de molho para lavar.
E
esqueci novamente o assunto. Passei a lavar apenas uma vez por banho,
inconscientemente, como todos os banhos são, e segui rumo da vida. E final de
semana passado o maldito assunto reapareceu. Desta vez minhas amigas judias
estão perdoadas: foi um amigo não-judeu. Mas dessa vez eu nem assustei – eu
entrei em pânico. O cara foi anestesiado, tiraram a malha de inverno da cabeça
dele, e vários pontos da cirurgia, vários, remendando tudo. E ficaram 15 dias
por lá, te atormentando a cada segundo. Ele evitava beber qualquer líquido,
para evitar fazer xixi. Mas o pior: a ereção causava uma dor absurda, daquelas
que os religiosos fervorosos se orgulhariam e diriam “Viu? Fazer isso é
errado!”. Quando ele contou que acordava com dores agoniantes depois de uma
ereção noturna, eu decidi que já tinha escutado de tudo sobre o assunto e que
tudo bem, ser católico não era tão ruim assim.
Fico
pensando se virá mais alguma alma, bondosa ou nem tanto, e me contará uma
quarta história sobre o tema que me faça ter algum tipo de reação. Enquanto
isso, cultivarei para sempre meu gorro-de-malandro.
Gostaria de escrever uma crônica com tema específico?
ResponderExcluirClaro! Manda um email: victor.brunetti3@gmail.com
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