Foi
uma semana tão agitada que a crônica que sairia às 11 da manhã de hoje está
sendo escrita apenas agora, às 14:55. Nem sei exatamente o porquê de estar
escrevendo isso. Tantas pessoas escreveram já coisas lindas. Mas escrevo. E cada vez mais, escrever tem sido um ato de
confissão pessoal, então sigo nesta “missão”.
O
vovô morreu na Terça-feira passada. Velhinho, deitou na cama, fechou os olhos e
pronto. Tranquilo como sempre foi. Ele disse uns dias antes para algum primo
que o “cavalo fugiu da cocheira”. E pra mim respondeu, quando afirmei que
queria ser que nem ele: você vai me ultrapassar.
Quanto
mais o tempo tem passado nesta semana, mais eu percebo o quão grande ele foi.
Foi o alazão da cocheira, o garanhão. Tanta gente dizendo tanta coisa. Muitas
das quais eu nem fazia ideia. Foi gigante, mas não fez questão nenhuma de ser
reconhecido pelo tamanho. Aliás, não fez questão nenhuma de ser reconhecido por
nada. E, por causa disso, foi reconhecido. Por tudo.
Senti
na pele e na alma o legado que carrego. Só de ter o mesmo sobrenome, de ter
sido neto, de ter sido afilhado. Escrever não é um ato egoísta e pessoal. É –
cada vez mais - uma responsabilidade diante da pessoa que sou e dos que foram
algo para que eu pudesse ser também.
O
cavalo fugiu da cocheira. Pode ser uma das frases mais bonitas que já ouvi na
vida. E o Vovô deixou claro: me ultrapasse. Pode deixar, Vô. Vou correr, muito,
o máximo que puder, o máximo que aguentar, até o último segundo.
E se tudo der
certo, fujo também e te encontro um dia desses. Mas só depois de ter chegado
onde você chegou e poder dizer as mesmas coisas para meu neto.
Muito tocante a sua homenagem.
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