terça-feira, 13 de outubro de 2015

sua, minha, nossa vida entre 25 e 30 anos


Ninguém mais tem 20, 23, 24 anos. Acabaram os últimos anos da adolescência prolongada. A crise dos 30 se transforma na reta final desta saga, anunciando seu terror: seu ápice como ser humano pode estar chegando ao fim. Tomar um engradado de cerveja é ter certeza de estar arrebentado no dia seguinte. Dormir oito horas por dia passa a ser a meta de quase todos nós, que há anos não fazíamos isso.
No trabalho, alguns ganham muito dinheiro e guardam. Outros gastam. Para os free lancers, dobraram o salário de nada para alguma coisa. Para os registrados, o VR, VT, VA, VSF, todos multiplicaram. Para os desempregados que não foram efetivados, a preguiça e tristeza tomam conta, e o sonho que você abriu mão quando entrou na faculdade – jogar videogame a tarde toda – volta a ser uma realidade. Para os guerreiros que foram seguir o sonho e abrir o próprio negócio, ou já fecharam, ou estão ricos. Ou ainda acreditam que precisam persistir um pouquinho mais. Ajuda, pai!
A universidade já acabou para a maioria, tirando, claro, os retardatários que não souberam desapegar. A pós-graduação, MBA, curso de astronomia e culinária, são projeções da ausência de ter colegas de estudo todos os dias e não apenas colegas de trabalho. Uma necessidade intelectual de se diferenciar e ganhar espaço no mercado de trabalho.
Seus pais já não te sustentam mais. Mas ninguém saiu de casa ainda, aproveitando a roupa limpa, o quarto arrumado e a comida gostosa. A necessidade de sair berra ao seu ouvido: preciso do meu espaço, das minhas regras, de poder deixar minhas meias em cima da mesa e andar de cueca pela casa toda, não só no meu quarto. Os bravos guerreiros que decidiram enfrentar alegam: às vezes falta papel higiênico e corro para a casa dos meus pais para pegar. Volto com a mala cheia de comida e utensílios domésticos.
Os que namoravam há muitos anos sofrem com a pressão de se casar. Ou ficam solteiros e passam a viver a vida loka que não tiveram nas festas da universidade porque tinham que ficar trocando mensagem a cada 15 minutos. Os corajosos que decidiram casar percebem que dividir por dois a conta com seu marido/sua esposa é muito mais interessante que dividir por quatro com a turma da república. Divórcios e filhos, em sua maioria, vem só depois dos 30. Vamos aproveitar a vida de casados/juntados e dar festas em casa, para economizar no taxi, na bebida e poder dormir a qualquer momento, junto do sonhado cão/gato/coelho/peixe que seus pais te proibiam de ter em casa.
Um ou outro amigo já é uma referência na área que trabalha, um prodígio. Outros, largaram tudo e começam a repensar a vida inteira. Muitos querem abrir um bar ou restaurante, mas falta dinheiro e sangue nos olhos.
Quase todos estão decepcionados com o que fazem e querem mudar de área, de país, de vida. A decepção da profissão entra em conflito com o salário salgado para alguém dessa idade. Sair seria queimar o pequeno espaço que você conquistou ao longo dos árduos anos de estagiário e trainee.
A verdade é que ainda não somos ninguém e somos tudo. Ao mesmo tempo, a transição é necessária, crucial, cruel, maluca e importante. Saber trocar a cerveja pelo vinho passa a ser uma necessidade que a maturidade impõe. E seu corpo também.

Mas o mais importante, isso sem dúvida, é que você só terá 5 anos entre 25 e 30 anos. Antes disso, não éramos nada. Depois disso, seremos o que escolhemos ser nesse período. Meus caros, façam bem a transição. É só para a vida inteira.

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