Caro
Victor,
Essa
é uma carta sua para você mesmo. Se você tantas vezes consegue representar o
sentimento dos outros em uma crônica, está mais do que na hora de você
representar o seu próprio.
Você
fica aflito demais. Eu te digo o seguinte: fique calmo. Sei que você está
escrevendo esse texto pensando em outros mil assuntos. Sabe como eu sei? Por
que eu sou você. E você é a mesma pessoa que eu. Louco, né?
Então,
relaxa. Relaxa mesmo. As melhores coisas que apareceram na sua vida vieram
quando você estava respirando normalmente, sem se preocupar. Escuta de novo
aquela música que você gosta, ela te acalma. Sabe como eu sei? Acho que você já
sabe.
Eu
sei que às vezes a coisa fica tensa. Sei que muitas vezes bate um desespero. E
eu não sou do futuro, nem do passado. Sou a mesma pessoa que escreve e que lê.
Que diz e que escuta. A palavra aqui é minha, para você ler. Eu sou exatamente
você, só que exteriorizado nessa crônica. Então, me escuta e relaxa. Vai dar
tudo certo, prometo.
A
sorte é que eu sei o que você sente e posso, sem nenhum medo, afirmar: vai em
frente, cara. Você já fez muitas coisas. Você tá seguindo um sonho! Um sonho! É
simplesmente incrível. E só chegou onde chegou por acreditar em cada passa que
você deu. Eu dei. Nós demos.
E
nós dois sabemos que vamos morrer, não é? Ao mesmo tempo. E sabe o que vai
acontecer? Não? Nós vamos deixar de existir e de ter a possibilidade de fazer
tudo o que queremos. Sabe no jogo de futebol, quando chegam os últimos cinco
minutos? Que a galera toda fica louca e coloca até o goleiro pra cabecear? É
assim que a gente tem que viver. Sabe-se lá quando o juiz vai apitar. E se não
tiver acréscimos? Nem prorrogação? O jogo é um só.
Não
dá pra saber nada. Então respira fundo, meu velho. Essa parada toda aqui é
animal. E você tá fazendo seu melhor e isso tem te levado a alçar voos
incríveis. Não ache que, por um segundo, você esteja parado ou seja inútil. Até
eu me canso de ver quanta coisa você faz!
Vai
com tudo. Não para. Eu preciso de você. Se você parar, eu desapareço. Eu sumo
do mapa. É só você decidir: me quer, ou não? Às vezes, a decisão é muito
simples. Mas, por estar no controle dessa crônica e por te conhecer o
suficiente pra saber que um empurrãozinho de leve te faz persistir, eu insisto:
continua, por mim. Por favor. Pra mim.
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