segunda-feira, 26 de outubro de 2015

pra mim

            Caro Victor,

            Essa é uma carta sua para você mesmo. Se você tantas vezes consegue representar o sentimento dos outros em uma crônica, está mais do que na hora de você representar o seu próprio.
            Você fica aflito demais. Eu te digo o seguinte: fique calmo. Sei que você está escrevendo esse texto pensando em outros mil assuntos. Sabe como eu sei? Por que eu sou você. E você é a mesma pessoa que eu. Louco, né?
            Então, relaxa. Relaxa mesmo. As melhores coisas que apareceram na sua vida vieram quando você estava respirando normalmente, sem se preocupar. Escuta de novo aquela música que você gosta, ela te acalma. Sabe como eu sei? Acho que você já sabe.
            Eu sei que às vezes a coisa fica tensa. Sei que muitas vezes bate um desespero. E eu não sou do futuro, nem do passado. Sou a mesma pessoa que escreve e que lê. Que diz e que escuta. A palavra aqui é minha, para você ler. Eu sou exatamente você, só que exteriorizado nessa crônica. Então, me escuta e relaxa. Vai dar tudo certo, prometo.
            A sorte é que eu sei o que você sente e posso, sem nenhum medo, afirmar: vai em frente, cara. Você já fez muitas coisas. Você tá seguindo um sonho! Um sonho! É simplesmente incrível. E só chegou onde chegou por acreditar em cada passa que você deu. Eu dei. Nós demos.
            E nós dois sabemos que vamos morrer, não é? Ao mesmo tempo. E sabe o que vai acontecer? Não? Nós vamos deixar de existir e de ter a possibilidade de fazer tudo o que queremos. Sabe no jogo de futebol, quando chegam os últimos cinco minutos? Que a galera toda fica louca e coloca até o goleiro pra cabecear? É assim que a gente tem que viver. Sabe-se lá quando o juiz vai apitar. E se não tiver acréscimos? Nem prorrogação? O jogo é um só.
            Não dá pra saber nada. Então respira fundo, meu velho. Essa parada toda aqui é animal. E você tá fazendo seu melhor e isso tem te levado a alçar voos incríveis. Não ache que, por um segundo, você esteja parado ou seja inútil. Até eu me canso de ver quanta coisa você faz!

            Vai com tudo. Não para. Eu preciso de você. Se você parar, eu desapareço. Eu sumo do mapa. É só você decidir: me quer, ou não? Às vezes, a decisão é muito simples. Mas, por estar no controle dessa crônica e por te conhecer o suficiente pra saber que um empurrãozinho de leve te faz persistir, eu insisto: continua, por mim. Por favor. Pra mim.

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