Depois de ter publicado o primeiro livro,
você fica um tanto quanto viciado em publicar tudo que você já escreveu na
vida. Das redações da Quinta série até os rabiscos e ideias para criar algum
projeto, você acha que tudo é digno de ser lido por alguém, afinal de contas,
você já é um autor publicado.
E,
de um tempo pra cá, fiquei pensando no que eu poderia escrever para não ser o
cara chato que escreve qualquer coisa e insiste para que todo mundo leia... e
goste. Antes de qualquer texto, me veio o título do livro: “Crônicas de um
bêbado”. Achei espetacular. Daqueles livros que marcam. Fiquei com vontade de
comprar em uma livraria, mas era preciso antes escrevê-lo.
Comecei
a pensar em todas as histórias de bêbados que meus amigos já vivenciaram –
diga-se de passagem que não será autobiográfico, como sempre. E cada história é
melhor que a outra. Cada situação é mais intensa que a outra. Lembrei de
várias. Esbocei qualquer escrito para ver o que saía nas temerosas páginas em
branco. E a cada página, vinham situações sensacionais.
Depois
de começar a escrever uma ou outra, percebi que só quando colocamos palavra
atrás de palavra é que relembramos exatamente da história, e não de como
costumamos contá-la. Lembrei de detalhes, de frases, de shots. Decidi escrever
todas que conseguia encontrar na vastidão da memória, para nunca mais perder.
O
livro deve demorar para sair, já que outros projetos entram na frente na lista
de prioridades. Mas continuo escrevendo, no presente, para não perder as
histórias de 10 anos ou 10 minutos atrás. O objetivo único é eternizar essas
situações que eventualmente iremos esquecer, querendo ou não.
Existe
uma chance de eu estar me dando um tiro no pé. Posso expor mais do que deveria
e um dia escutar do meu filho que o que ele fez não foi nada comparado à
crônica da página 76. Ou ninguém nunca vai ler e, como tantos outros livros,
desaparecerão na memória ou empoeirados nas bibliotecas. Espero pelo menos
atingir os que gostam de uma cervejinha. Saúde!
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