terça-feira, 3 de novembro de 2015

pesquisa online

            

Outro dia, um tio meu se gabava para mim que era um profissional em encontrar respostas na vastidão da internet. Quando ele afirmou essa habilidade, eu dei risada. Achei o tio “velho demais”. Afinal de contas, pesquisar na internet é a coisa mais fácil do mundo.
            Mas fiquei com a imagem do meu tio se gabando. Depois de rir e ficar com dó, pensei mais a fundo. Afinal de contas, quando pesquisamos algo no Google, ele devolve para nós mais de um trilhão de resultados. O que significa que, para encontrar algo na internet, você precisa ser absolutamente específico.
            Não adianta procurar por “elefantes” se você está querendo saber o que eles comem. Não adianta procurar por “viagens” se você está tem dúvida para onde ir. Não adianta procurar “celular” se você precisa encontrar a solução de como consertá-lo.
            Essas besteiras todas tem um motivo para estar aqui: somos, atualmente, condicionados a sermos específicos e detalhistas em tudo que queremos, escolhemos e pensamos. Suas buscas online são absolutamente definidas: “celular apaga quando acesso aplicativo X, o que fazer”, ou “elefante de circo morando em clima tropical, 6 anos, sem restrição alimentar, nutricionista”. Ou mesmo “sou moreno, 33 anos, namorando, pouco dinheiro, para onde viajar”.
            E o pior disso tudo é que sempre terá alguma resposta. E eu enxergo aí um pequeno problema: não precisamos mais pensar. A internet virou nosso Deus, com todas as respostas que queremos.

            Se até meu tio consegue achar o que quer na internet, o que será dos meus filhos? Nunca vão colocar a mão no fogo para ver se queima porque vão ter lido que isso, de fato, acontece. A internet sabe de tudo. Que saco.

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